Não faz muito tempo ganhei uma
coleção de 4 livros de moda editados pela Vogue inglesa. Os que ganhei são
publicados no Brasil, pela editora Globo: 4 títulos de capa dura, impressão
belíssima. Uma pena o descuidado com a tradução e equívocos de uma revisão que
não pescou coisas como “a estilista Isabella Blow”. Sempre sofro quando as
coisas não recebem o tratamento que merecem, e afinal perde todo mundo,
principalmente o leitor.
Equívocos à parte, comecei pelo
volume dedicado a Alexander McQueen. Os outros falam de Elsa Schiaparelli,
Christian Dior e, claro, Coco Chanel. Quando folheei os volumes pela primeira
vez, comentei com os colegas presentes: uma pena que não ensinem isso na
escola. Eu me referia a Gabrielle e sua elegância. Quanto mais cafonas e
vulgares ficamos, mais eu penso que, além de geografia, português e matemática,
devíamos aprender estética também. E arte, desde cedo.
Voltando ao foco: McQueen. O
livro me levou aos vídeos dos desfiles, e passei noites conectada assistindo às
performances delirantes do estilista. Sarabande e Deliverance estão entre as
minhas preferidas. Imersa no universo fantasioso, por vezes sombrio, do
estilista, hoje saí de casa com meu lenço de caveira no pescoço e uma calça
xadrez imaginária. Não arriscaria os sapatos de Plato’s Atlantis.
O lenço de caveira foi um
presente da Cissa, que hoje foi portadora de notícias menos felizes. A morte de
Clô Orozco, minha estilista brasileira preferida, foi uma daquelas tristezas
fininhas que vão se disfarçando de um consumo desenfreado de chocolate. Mesmo
que seja véspera de Páscoa. Clô, para mim, era uma brava resistente da
elegância. Gosto dos cinzas, dos cortes, do conforto e nunca vou parar de me
arrepender de não ter comprado uma camiseta com estampa dos discos dos Smiths,
de uma coleção da Maria Garcia. Tive a sorte de ver esse desfile, num SPFW que
parece já fazer décadas. Sempre quis, também, a bolsinha em formato de bomba.
If it’s not love, cantava o Morrissey. Assisti o desfile da Huis Clos naquela temporada também, e lembro da minha felicidade ao sair do Ibirapuera aquele dia.
Gostei do texto publicado noblog da Cosac Naify, que publicou uma belíssima coleção de nomes da moda
brasileira da qual a Huis Clos fazia parte, estes sim, livros impecáveis como tudo o que a editora faz, e como
as roupas que Clô Orozco fazia. R.I.P.
Vestido Huis Clos.
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