São 15 pessoas que temos que vestir para a foto, mas o volume de sacolas, cabides, steamers e fita crepe levaria qualquer um a crer que um time inteiro de futebol e sua torcida poderiam sair dali prontos para os clicks do fotógrafo. É um exagero, assim como a quantidade de crianças que vão participar do desfile do dia seguinte: mais de 50. Quando os 15 estão vestidos, alguém da direção de arte descobre que ficou faltando um capacete de moto, portanto alguém do figurino, que já cumpriu sua função, vai até a concessionária de carros ao lado tentar arranjar o tal capacete emprestado. Enquanto o Laurentino (aparentemente o único funcionário a fazer uso de motocicleta) não chega, o gerente de vendas dos semi-novos me diz todas as vantagens de se comprar um semi-novo. Seus argumentos são convincentes e confusos, porque ele começa a falar sobre impostos e taxas que dão nó na cabeça de qualquer pessoa que usa calculadora do celular pra dividir conta de restaurante. Ele percebe que me perdeu quando começa a dizer porcentagens, e quando eu digo que o meu carro é 2005, mas talvez seja 2006, ele saca que não vai fechar negócios. Mas como ele é brasileiro e não desiste nunca e Laurentino está chegando, ele saca de sua gaveta uma filipeta e diz que eu deveria ir ouvir a palavra de deus. A filipeta é da sua igreja, a foto é de surfe e o nome do local é “Bola de Neve”. Tento calcular quanto esse cara deve ganhar de comissão da concessionária e só posso concluir que a igreja deve estar pagando melhor, porque a sinceridade dele em dizer que eu devia ouvir a palavra de deus é tão grande que chega a ser comovente.
Laurentino me salva quando aparece e diz que a moto está logo ali, ao lado do posto que virou set. Quando eu me aproximo da foto com o capacete na mão, me acenam do outro lado, adivinha? Alguém conseguiu um capacete vermelho muito mais cool que o do Laurentino.
Eu espero um pouco, o tempo que julgo suficiente para devolver o capacete ao Laurentino dizendo “muito obrigada, a foto ficou ótima” e não digo que outro capacete foi usado no lugar. Penso se o povo lá na “Bola de Neve” me perdoaria por esta mentira.
A foto termina, a gente empacota tudo de novo e se prepara para todas as crianças que virão barulhentas e maquiadas amanhã.
Eu digo que trabalho com moda, mas, seriously, não tenho tanta certeza assim...
segunda-feira, 30 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
Renascimento
7 semanas de moda depois, 5 revistas mais pobre, mil dias sem uma mísera linha escrita nesse blog, tudo isso se explica: os desfiles acontecem no Rio, em São Paulo, em Milão, em Londres, em NY, e em Paris duas rodadas, couture e ready-to-wear. Fora todos os outros lugares do mundo, como Copenhague, Madri e etc. As cinco revistas são a W da Madonna, que me decepcionou (quem é que acha que uma foto spread vai ficar boa numa revista com uma dobra no meio? Putz grila!), a Mag que eu comprei só porque a foto da capa é realmente linda e faz jus ao tema da edição (Alegria), a L’Officiel de março e as Vogues de Fevereiro e Março, a última com a Aggyness Deyn na capa. Os mil sem escrever nada não se justificam, mas deve ser porque acabo me dedicando ao outro blog onde tenho fãs, e ao Modalogia, e em breve sai a Arara Mag com um texto meu (ou dois?).
Perceba: não sobra nada pra cá. Eu devia extinguir essa página, mas adoro o nome que eu mesma pensei pra esse espaço e não quero matar o “Meu paletó”.
Pois então, a única coisa de alguma relevância que posso dizer agora é que continuo achando que as revistas só valem à pena por causa dos anúncios, que a moda só será salva por Nicolas Ghesquière e que a vitrine da Animale não lembra em absolutamente nada o desfile de inverno, mas talvez isso mude, provavelmente não.
Do resto, são coisas bobas: quero gostar de azul e de usar calças, quero ter eventos para usar salto alto, quero trabalhar fora de casa pra usar paletó, quero ter um alfaiate particular, quero ser mais cool e combinar com jaqueta de couro, quero o desfile do Dries Van Noten todinho pra mim, quero que o meu livro do Ungaro pare de ficar com páginas coladas e quero, embora entenda que não seja possível, que Marc Jacobs e Miuccia Prada tenham um filho juntos. Imagina só o que essa criança ia fazer...
Perceba: não sobra nada pra cá. Eu devia extinguir essa página, mas adoro o nome que eu mesma pensei pra esse espaço e não quero matar o “Meu paletó”.
Pois então, a única coisa de alguma relevância que posso dizer agora é que continuo achando que as revistas só valem à pena por causa dos anúncios, que a moda só será salva por Nicolas Ghesquière e que a vitrine da Animale não lembra em absolutamente nada o desfile de inverno, mas talvez isso mude, provavelmente não.
Do resto, são coisas bobas: quero gostar de azul e de usar calças, quero ter eventos para usar salto alto, quero trabalhar fora de casa pra usar paletó, quero ter um alfaiate particular, quero ser mais cool e combinar com jaqueta de couro, quero o desfile do Dries Van Noten todinho pra mim, quero que o meu livro do Ungaro pare de ficar com páginas coladas e quero, embora entenda que não seja possível, que Marc Jacobs e Miuccia Prada tenham um filho juntos. Imagina só o que essa criança ia fazer...
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